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Quanto vale a arte erótica?

Um texto como artista. Um texto como mulher. Um texto sobre o meu corpo.



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E uma pergunta: quanto vale a arte erótica?


Prestes à data do evento "Palco Intimista", e diante da nossa decisão de colocar um preço mais alto do que o das edições anteriores, venho aqui pontuar algumas reflexões.

Primeiro, o meu corpo é a minha morada; sem ele, eu não estaria aqui. Isto é tão óbvio, mas não o é na ontologia profunda das formatações sociais. No corpo eu vivo. No corpo, exploro as minhas sensações. É ele que me sinaliza, em tudo que eu faço e com tudo com que me relaciono, o que me empodera e o que me afrouxa; o que revela o meu tônus e o que me acua. Pelo corpo, entro em contato com o mais sensível dentro de mim. Plumas dentro de mim. Sonhos dentro de mim. Desejos dentro de mim.

E um corpo que faz arte se desnuda. Revela as tuas carnes, as tuas imperfeições, teus buracos, tuas dobras, teus medos... a tua visceralidade. E, junto de tudo isso, faz uma alquimia e traz beleza. Uma vez, me disseram que a minha arte é uma mistura tão embrenhada de beleza e horror... Ser humana no talo da existência, através da arte, nos dá outra possibilidade? Eu me pergunto.


E aqui, agora, é importante agregar a tudo isto o erotismo. Arte Erótica. Primeiro, antes de mais nada, quero deixar muito claro que acho até redundante unir essas duas palavras. No meu ponto de vista, e neste aspecto mais visceral da existência, TODA arte é erótica. A minha arte nem precisava desse adendo, "erótico", mas como assumo em meu trabalho elementos como um strip-tease — ou o ato de tirar a roupa como uma capacidade de se mostrar mais visceralmente —, e como faço isso por camadas, e como quero mostrar o meu próprio gozo de viver, eu assumo esse nome: arte erótica.

Quando uma pessoa se expõe neste nível de vulnerabilidade, paixão humana e beleza, isso é algo MUITO CARO! Como diz Artaud:


"Para existir basta se abandonar ao ser, mas para viver, tem que ser alguém, para ser alguém, tem que ter um OSSO, não ter medo de mostrar o osso, e nem ter medo de perder a carne."


E isso sem falar que é um corpo de uma mulher. Mulheres, no caso do "Palco Intimista"! Mulheres Vivas e Corajosas. Belas! Transgressoras...

E aí, quanto vale a arte dessas mulheres?


Qual o Valor da Transgressão e da Coragem?


Qual o Valor da Vulnerabilidade como Potência?


O Valor da Alquimia?


O Valor do Corpo da Mulher como Território Retomado?


Foto: Gustavo Jannini


 
 
 

2 comentários


Todos seus kestionamentos emergem naturalMente dakilo que em ti pulsa..

Desejo!

Seu Desejo-Mulher-Selvagem impossível de ser traduzido em palavras ou valores (materiais) oblitera quaisker mensurAções..

E é, nesse ponto, talvez )...( que sua Arte trespassa o Erotismo..

Na Morte em si mesma, de quaisker valorações e significados.

Sua Arte,

Seu corpo,

Seus Desejos..

São puras Potências

Em Ato!

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Respondendo a

obrigada pelo texto que empodera

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