Quanto vale a arte erótica?
- ana luisa Moraes
- 14 de out
- 2 min de leitura
Um texto como artista. Um texto como mulher. Um texto sobre o meu corpo.

E uma pergunta: quanto vale a arte erótica?
Prestes à data do evento "Palco Intimista", e diante da nossa decisão de colocar um preço mais alto do que o das edições anteriores, venho aqui pontuar algumas reflexões.
Primeiro, o meu corpo é a minha morada; sem ele, eu não estaria aqui. Isto é tão óbvio, mas não o é na ontologia profunda das formatações sociais. No corpo eu vivo. No corpo, exploro as minhas sensações. É ele que me sinaliza, em tudo que eu faço e com tudo com que me relaciono, o que me empodera e o que me afrouxa; o que revela o meu tônus e o que me acua. Pelo corpo, entro em contato com o mais sensível dentro de mim. Plumas dentro de mim. Sonhos dentro de mim. Desejos dentro de mim.
E um corpo que faz arte se desnuda. Revela as tuas carnes, as tuas imperfeições, teus buracos, tuas dobras, teus medos... a tua visceralidade. E, junto de tudo isso, faz uma alquimia e traz beleza. Uma vez, me disseram que a minha arte é uma mistura tão embrenhada de beleza e horror... Ser humana no talo da existência, através da arte, nos dá outra possibilidade? Eu me pergunto.
E aqui, agora, é importante agregar a tudo isto o erotismo. Arte Erótica. Primeiro, antes de mais nada, quero deixar muito claro que acho até redundante unir essas duas palavras. No meu ponto de vista, e neste aspecto mais visceral da existência, TODA arte é erótica. A minha arte nem precisava desse adendo, "erótico", mas como assumo em meu trabalho elementos como um strip-tease — ou o ato de tirar a roupa como uma capacidade de se mostrar mais visceralmente —, e como faço isso por camadas, e como quero mostrar o meu próprio gozo de viver, eu assumo esse nome: arte erótica.
Quando uma pessoa se expõe neste nível de vulnerabilidade, paixão humana e beleza, isso é algo MUITO CARO! Como diz Artaud:
"Para existir basta se abandonar ao ser, mas para viver, tem que ser alguém, para ser alguém, tem que ter um OSSO, não ter medo de mostrar o osso, e nem ter medo de perder a carne."
E isso sem falar que é um corpo de uma mulher. Mulheres, no caso do "Palco Intimista"! Mulheres Vivas e Corajosas. Belas! Transgressoras...
E aí, quanto vale a arte dessas mulheres?
Qual o Valor da Transgressão e da Coragem?
Qual o Valor da Vulnerabilidade como Potência?
O Valor da Alquimia?
O Valor do Corpo da Mulher como Território Retomado?
Foto: Gustavo Jannini



Todos seus kestionamentos emergem naturalMente dakilo que em ti pulsa..
Desejo!
Seu Desejo-Mulher-Selvagem impossível de ser traduzido em palavras ou valores (materiais) oblitera quaisker mensurAções..
E é, nesse ponto, talvez )...( que sua Arte trespassa o Erotismo..
Na Morte em si mesma, de quaisker valorações e significados.
Sua Arte,
Seu corpo,
Seus Desejos..
São puras Potências
Em Ato!