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O nada e a liberdade para se reinventar




Certa vez, em setembro de 2018, plantei um sonho. Fiz para esse sonho um caderno, e a capa era dourada. Chamei-o de Caderno Sol.

Guardo até hoje resquícios dessa capa dourada, ouro que se transformaram em outros adornos reluzentes… O caderno, além de ser dourado, tinha uma cortina de tule branca sendo levantada. Havia o desejo de que essa cortina revelasse a artista que ficava escondida.

Sete anos se passaram e, pela primeira vez, sinto que esse dia chegou.


Desde 2018, segui como artista. Criei três performances e agora mais um número, todos de qualidade erótica. Mas por que me sinto de fato artista só agora?

Porque sinto que meus medos ficaram maiores.


Fico com a impressão de que, conforme o sonho chega, muitas outras coisas vão embora. Não sei de quem é a frase, talvez de Lacan: "quem vive o desejo paga um preço". Esse "preço" não é uma punição, mas uma transformação radical.

Sinto que, quando o desejo chega em forma de realidade, a gente meio que nasce de novo. Ultimamente, sinto-me uma criança.

O sonho vira chão, mas não chega pronto, não. Não sei que raios se passa pela nossa cabeça que, quando vamos realizar um sonho, pensamos que tudo será perfeito… como se eu pudesse ser salva pelo próprio sonho.

Mas não, o sonho chega e, quando isso acontece, as coisas que não são importantes para compor com ele simplesmente vão embora.

a realização não é um ponto final, mas um recomeço. E você fica com o sonho realizado e um deserto.

Um sonho realizado e uma inabilidade. Ora bolas, por que é o novo. E o novo, por mais que sonhado, é desconhecido.

O sonho precisa aprender a ser vivido.

Quem sou eu, artista?

Não sou mais nada agora além do "sou artista".

Sou artista e sou um nada ao meu redor.

Parece assustador e é mesmo.

Mas existe


Isso se chama também coragem.

 
 
 

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