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ana luisa Moraes

Escrever como arte






Um texto que marca uma sensação de travessia. Quando, na verdade, não estamos em travessia? 


Uma travessia que nasce por uma permissão interna de ir a um rumo desconhecido via composição das palavras. 


Vem sendo comum e constante habituar-me a uma escrita que necessita de uma ideia, ou um tema que dilata mais internamente de forma visceral. E olha que curioso: mesmo escrevendo textos sobre o vazio  e experienciando este lugar nas práticas de corpo, ainda não me era comum compor aqui textos vindo de um lugar mais escuro. Estava apenas sujeita, muitas vezes,  por uma intencionalidade em acertar. E ser vista, reconhecida e claro, vender os serviços. Quem não quer? E continuo desejosa em vender, mas aberta a descobrir também outras vias…


Raízes Ateliê vem se compondo com um território de sensibilidade, da fáscia e da arte. E já sinto que uma linguagem mais confortável e menos dura, abre mais ar na minha caixa torácica e sopra rumos de vitalidade. Aliás, na minha existência optei por muitos caminhos que me dilatam a vida. Como dito no filme As Horas sobre a história de  Virginia Woolf : “Você não encontra a paz, evitando a vida”!


Interessante me observar, que quando o texto nasce de um lugar da visceralidade, da urgência, e da grande ideia ou das vendas, geralmente, são textos que podem carregar em si, uma base de querer impor o  ponto de vista, como uma espécie de bandeira ideológica…. texto que contém afirmações. Por exemplo: o erótico é isso; a pornografia é aquilo. No entanto, não estou mais interessada em convencer, a priori, ninguém de nada. Sinto um direcionamento para uma escrita que pulse junto à dimensão da arte e da artista. O que me faz habitar numa confiança de uma trama maior dada pelas conexões e  comunicações enraizadas pelo afeto e a capacidade de nos afetar uns aos outros.  


De sensibilidade para sensibilidades. De humanos para humanos. 


Escrever com um corpo capaz de gerar sensações, emoções, fragmentações. Vida viva. Um exemplo pulsante do ateliê em funcionamento.


Estou em travessia. Um ir acontecendo e criar espaços de uma estufa cotidiana de escrita que se faz como uma descoberta. Sem saber de si para uma descoberta de si. 


Destampamento sensível com as palavras. 


Muito dessas descobertas ficarão na estufa, outras aqui, quando sentidas de serem apresentarem ao outro. Saibam que não é fácil abrir esse lugar para as pessoas. E sim!! Podem vir textos mais objetivos, informativos quando necessários. Nada está fechado. Tudo aberto. Um mar. Um A.mar. 


Escrever com o corpo? Uma dança escrita? 


Por hora, as minhas Raízes começam a sentir uma sustância, um caldo grosso, morno, escuro que sobe pelas pernas e coração.




Imagem: eu comigo mesma no túnel dos reflexos.

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